Conteúdo especial dos Dossiês de Esquizofrenia, edição 41 e 42 da revista Psiquê. Destinado ao público em geral, o questionário esclarece diversas dúvidas a respeito da doença e como ela deve ser enfrentada tanto pelos pacientes como pelos familiares.
A esquizofrenia pode ser conseqüência do modo como os pais educam seus filhos? A esquizofrenia pode começar a se manifestar na infância?
Embora seja raro, quadros esquizofrênicos podem ocorrer durante a infância. Além do comportamento bizarro, podem ser identificados outros sintomas, como a alteração da motricidade e da linguagem. Ao contrário dos adultos, é raro ocorrer delírios e alucinações. A esquizofrenia na infância costuma ser grave, com evolução para formas crônicas da doença.
Embora seja raro, quadros esquizofrênicos podem ocorrer durante a infância. Além do comportamento bizarro, podem ser identificados outros sintomas, como a alteração da motricidade e da linguagem. Ao contrário dos adultos, é raro ocorrer delírios e alucinações. A esquizofrenia na infância costuma ser grave, com evolução para formas crônicas da doença.
Não. Houve um tempo em que se acreditou que a esquizofrenia poderia ser causada dessa forma, principalmente pela maneira como a mãe se relacionava com seu filho. Criou-se até um termo para definir essa situação: "mães esquizofregogênicas". Atualmente, sabe-se que os pais não têm poder de causar essa doença em seus filhos, embora se reconheça que a esquizofrenia possa ser agravada pela atitude dos pais em pressionar e aumentar as situações de estresse para o paciente.
Rejeição emocional na gravidez ou na infância causa esquizofrenia? Não há evidências, embora alguns autores levantem a hipótese de que a criança com histórico de abuso sexual e negligência grave tenha risco maior de desenvolver psicoses.
Ter crises sucessivas significa que o quadro está mais grave?
Em muitos casos, sim. É possível que após cada surto o paciente não consiga voltar ao estágio em que estava antes. Nesse caso, os sintomas residuais aumentam. Por isso, é importante evitar que ele tenha novas crises. A recomendação é o uso de medicamentos, além da intervenção com outras abordagens, não só na fase aguda, mas durante todo o tratamento. Geralmente, após os 50 anos, a doença tende a se estabilizar, inclusive com alguma melhora espontânea.
Em muitos casos, sim. É possível que após cada surto o paciente não consiga voltar ao estágio em que estava antes. Nesse caso, os sintomas residuais aumentam. Por isso, é importante evitar que ele tenha novas crises. A recomendação é o uso de medicamentos, além da intervenção com outras abordagens, não só na fase aguda, mas durante todo o tratamento. Geralmente, após os 50 anos, a doença tende a se estabilizar, inclusive com alguma melhora espontânea.
O esquizofrênico pode tomar bebidas alcoólicas?
Não. As bebidas alcoólicas interagem com os medicamentos utilizados por esses pacientes e podem aumentar alguns efeitos colaterais, como sonolência e sedação. Além disso, elas podem desencadear novos surtos esquizofrênicos.
Não. As bebidas alcoólicas interagem com os medicamentos utilizados por esses pacientes e podem aumentar alguns efeitos colaterais, como sonolência e sedação. Além disso, elas podem desencadear novos surtos esquizofrênicos.
O esquizofrênico pode dirigir carro?
Não há regra geral. Isso depende da gravidade do caso e também do tipo de medicamento que o paciente está usando. Um dos efeitos colaterais provocados por alguns antipsicóticos é a diminuição de reflexos e o aumento da sonolência, o que prejudica não só a capacidade de dirigir como de operar máquinas que representem riscos de acidente. Por isso, cada situação deve ser avaliada individualmente pelo médico responsável pelo tratamento.
Não há regra geral. Isso depende da gravidade do caso e também do tipo de medicamento que o paciente está usando. Um dos efeitos colaterais provocados por alguns antipsicóticos é a diminuição de reflexos e o aumento da sonolência, o que prejudica não só a capacidade de dirigir como de operar máquinas que representem riscos de acidente. Por isso, cada situação deve ser avaliada individualmente pelo médico responsável pelo tratamento.
O portador de esquizofrenia pode namorar e ter relações sexuais normalmente?
Sim. Em princípio esse paciente pode namorar e se relacionar como qualquer outra pessoa, desde que esteja precavido e bem orientado quanto ao risco de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez.
Sim. Em princípio esse paciente pode namorar e se relacionar como qualquer outra pessoa, desde que esteja precavido e bem orientado quanto ao risco de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez.
Devido ao uso de medicamentos antipsicóticos, pode ocorrer discreta diminuição do desejo sexual, podendo haver também prejuízo no desempenho sexual. Se o problema estiver relacionado ao medicamento, deve-se conversar com o médico, que poderá reduzir a dosagem ou substituir o medicamento por outro.
Uma paciente com esquizofrenia pode engravidar?
Sim. Há pesquisas que apresentam melhora dos sintomas esquizofrênicos durante a gravidez, embora possam voltar a piorar depois do parto, devido às alterações hormonais que ocorrem nesses períodos. Ainda não há relatos de anomalias congênitas na criança devido ao uso dos antipsicóticos. Porém, cabe ao psiquiatra recomendar a possibilidade de diminuição ou suspensão da medicação durante a gravidez. Deve-se levar em conta que criar um filho exige da mãe um esforço grande, e acarreta uma importante carga de estresse, que pode agravar o quadro da esquizofrenia.
Sim. Há pesquisas que apresentam melhora dos sintomas esquizofrênicos durante a gravidez, embora possam voltar a piorar depois do parto, devido às alterações hormonais que ocorrem nesses períodos. Ainda não há relatos de anomalias congênitas na criança devido ao uso dos antipsicóticos. Porém, cabe ao psiquiatra recomendar a possibilidade de diminuição ou suspensão da medicação durante a gravidez. Deve-se levar em conta que criar um filho exige da mãe um esforço grande, e acarreta uma importante carga de estresse, que pode agravar o quadro da esquizofrenia.
Em virtude da gravidade dos sintomas, algumas pacientes poderão ter dificuldade para cuidar da criança. O uso dos antipsicóticos também pode causar a diminuição da menstruação, mas, mesmo nesses casos, há possibilidade de gravidez, sendo necessário, também, o uso de métodos contraceptivos.
Uma pessoa esquizofrênica pode ser contrariada?
Muitos temem dizer "não" ao paciente, com receio de que ele piore ou se torne agressivo. O diálogo com o paciente esquizofrênico deve ser igual à conversa com qualquer pessoa. Muitas vezes será necessário estabelecer limites, pois não é possível atender a todos os seus desejos. Embora possa parecer difícil, ele precisa aprender a tolerar frustrações, como todo mundo.
Muitos temem dizer "não" ao paciente, com receio de que ele piore ou se torne agressivo. O diálogo com o paciente esquizofrênico deve ser igual à conversa com qualquer pessoa. Muitas vezes será necessário estabelecer limites, pois não é possível atender a todos os seus desejos. Embora possa parecer difícil, ele precisa aprender a tolerar frustrações, como todo mundo.
Se o paciente se recusa a tomar o remédio, o mesmo pode ser diluído em algum alimento ou bebida? É bastante comum o paciente recusar a medicação. Dar o remédio escondido misturado à comida ou bebida não resolve o problema. O diálogo pode ser cansativo, mas continua sendo defendido como a maneira mais eficiente de fazer o paciente entender as implicações da doença e a necessidade do tratamento. É importante mostrar a relação entre o uso de medicamentos e a melhora dos sintomas.
Os medicamentos usados na esquizofrenia podem viciar?
Antipsicóticos não causam dependência, ou seja, não viciam. Antidepressivos também não causam dependência. Já outros tipos de medicamentos como os ansiolíticos e indutores do sono do grupo dos benzodiazepínicos (como diazepan, lorazepam, bromazepan, entre outros) podem causar dependência, se utilizados de modo incorreto. Outros medicamentos anticolinérgicos usados para tratar os efeitos colaterais extrapiramidais também podem causar vício.
Antipsicóticos não causam dependência, ou seja, não viciam. Antidepressivos também não causam dependência. Já outros tipos de medicamentos como os ansiolíticos e indutores do sono do grupo dos benzodiazepínicos (como diazepan, lorazepam, bromazepan, entre outros) podem causar dependência, se utilizados de modo incorreto. Outros medicamentos anticolinérgicos usados para tratar os efeitos colaterais extrapiramidais também podem causar vício.
Sendo a esquizofrenia hereditária, os parentes de um esquizofrênico devem evitar filhos?
A maioria dos indivíduos que possuem parentes com esquizofrenia não desenvolve a doença. Ela ocorre com freqüência em pessoas cuja família não apresenta nenhum caso da doença. A maneira como a transmissão genética se dá ainda é pouco conhecida. Evidentemente, para um casal que pretende ter filhos e que tem algum parente portador da doença, é importante saber quais os riscos de os futuros filhos desenvolverem a esquizofrenia. Um especialista, ao consultar a árvore genealógica do casal, poderá fornecer informações técnicas sobre o caso. De qualquer forma, o risco, em geral, é baixo, mas cabe ao casal fazer a escolha.
A maioria dos indivíduos que possuem parentes com esquizofrenia não desenvolve a doença. Ela ocorre com freqüência em pessoas cuja família não apresenta nenhum caso da doença. A maneira como a transmissão genética se dá ainda é pouco conhecida. Evidentemente, para um casal que pretende ter filhos e que tem algum parente portador da doença, é importante saber quais os riscos de os futuros filhos desenvolverem a esquizofrenia. Um especialista, ao consultar a árvore genealógica do casal, poderá fornecer informações técnicas sobre o caso. De qualquer forma, o risco, em geral, é baixo, mas cabe ao casal fazer a escolha.
Os sintomas da esquizofrenia manifestam-se da mesma forma em todos os pacientes?
Não. As manifestações sintomáticas podem ser completamente diferentes de um paciente para outro. Apenas a presença de um ou outro sintoma não é suficiente para caracterizar a doença. Alguns pacientes apresentam delírios, alucinações, alterações na organização do pensamento e agitação. Outros se isolam e apresentam pobreza de discurso, retraimento social e embotamento afetivo. Os sintomas podem variar num mesmo paciente ao longo do tempo, de acordo com a evolução da doença ou conforme o tratamento adotado.
Não. As manifestações sintomáticas podem ser completamente diferentes de um paciente para outro. Apenas a presença de um ou outro sintoma não é suficiente para caracterizar a doença. Alguns pacientes apresentam delírios, alucinações, alterações na organização do pensamento e agitação. Outros se isolam e apresentam pobreza de discurso, retraimento social e embotamento afetivo. Os sintomas podem variar num mesmo paciente ao longo do tempo, de acordo com a evolução da doença ou conforme o tratamento adotado.
A agressividade é uma característica da esquizofrenia?Geralmente não. Pode ocorrer em alguns casos que, em função de idéias de perseguição ou de alucinações intensas, o paciente se sinta acuado ou ameaçado e possa reagir de modo agressivo. As modificações na personalidade geradas pela doença também podem gerar um comportamento violento. Os riscos de agressividade aumentam quando o paciente não aceita ser medicado ou não utiliza a medicação corretamente ou ainda quando usa drogas. Seguir o tratamento adequadamente minimiza os riscos de agressividade.
O esquizofrênico pode ser um assassino em potencial?Pesquisas mostram que apenas uma minoria de crimes foi cometida por portadores de esquizofrenia. O comportamento homicida é raro em pessoas portadoras da doença, embora possa ocorrer em circunstâncias em que um paciente tenha um comportamento impulsivo ou violento. O uso de drogas ilícitas aumenta o risco de violência, seja na esquizofrenia, seja em pessoas sadias.
O eletrochoque ainda é um meio utilizado para o tratamento desses pacientes?
A eletroconvulsoterapia (ECT), nome técnico do eletrochoque, ainda é indicada para alguns casos específicos de esquizofrenia. Pacientes com sintomas psicomotores importantes (catatônicos) apresentam rápida e significativa melhora com esse tratamento. A ECT realizada sob anestesia geral e em condições hospitalares adequadas não acarreta nenhum prejuízo ou sofrimento ao paciente. Outros tratamentos, como a insulinoterapia, grandes doses de vitamina, psicocirurgia e hemodiálise não são mais utilizados para tratamento da esquizofrenia desde que o uso de medicamentos antipsicótios se mostrou eficaz.
A eletroconvulsoterapia (ECT), nome técnico do eletrochoque, ainda é indicada para alguns casos específicos de esquizofrenia. Pacientes com sintomas psicomotores importantes (catatônicos) apresentam rápida e significativa melhora com esse tratamento. A ECT realizada sob anestesia geral e em condições hospitalares adequadas não acarreta nenhum prejuízo ou sofrimento ao paciente. Outros tratamentos, como a insulinoterapia, grandes doses de vitamina, psicocirurgia e hemodiálise não são mais utilizados para tratamento da esquizofrenia desde que o uso de medicamentos antipsicótios se mostrou eficaz.
Quais são os fatores de estresse que podem acarretar um novo surto?Os portadores de esquizofrenia têm dificuldade para tolerar situações de muito estresse. Além dos fatores relacionados à família, como críticas excessivas e super proteção, eventos da vida com forte carga emocional, tais como a morte de alguém da família ou próximo, e situações de exigência excessiva, como pressão no trabalho -, podem provocar a piora dos sintomas. Cada paciente tem um grau de sensibilidade ao estresse, de modo que é preciso avaliar individualmente a tolerância aos fatores estressantes.
Uma pessoa com idéias esquisitas pode ser considerada esquizofrênica?
Não. O diagnóstico de esquizofrenia pressupõe a existência de uma série de sintomas característicos. É comum muitos jovens adotarem posturas diferentes daquelas habituais da sociedade para se sentirem integrados ao grupo. Trata-se de uma atitude passageira, decorrente das características desse período de vida, quando o jovem precisa reafirmar sua personalidade. Se as idéias bizarras persistirem e levarem a condutas excêntricas e estranhas, cogita-se o caso de um transtorno relacionado a esquizofrenia. Na dúvida, busque uma avaliação psiquiátrica.
Não. O diagnóstico de esquizofrenia pressupõe a existência de uma série de sintomas característicos. É comum muitos jovens adotarem posturas diferentes daquelas habituais da sociedade para se sentirem integrados ao grupo. Trata-se de uma atitude passageira, decorrente das características desse período de vida, quando o jovem precisa reafirmar sua personalidade. Se as idéias bizarras persistirem e levarem a condutas excêntricas e estranhas, cogita-se o caso de um transtorno relacionado a esquizofrenia. Na dúvida, busque uma avaliação psiquiátrica.
É recomendável falar ao paciente que ele sofre de esquizofrenia?
Infelizmente, a palavra esquizofrenia carrega um grande estigma e é usada como sinônimo de loucura. Esse preconceito dificulta muito o trabalho com o paciente e seus familiares. Além disso, persiste o mito de que o inevitável fim de todo paciente com esquizofrenia é a internação num manicômio. Porém, o grande desafio está em integrar esse paciente à sociedade. Nesse sentido, há vários tipos de tratamentos que facilitam essa integração. Em casos mais complexos, de difícil diagnóstico, costuma-se adotar a cautela e aguardar a evolução dos sintomas antes de confirmar a existência da doença. A partir do diagnóstico, é aconselhável passar informações corretas sobre a doença. Deve-se revelar o nome da doença e oferecer ao paciente e à família os dados necessários para uma visão clara e honesta da situação, para que sejam parceiros no tratamento, no convívio e na recuperação do portador.
Infelizmente, a palavra esquizofrenia carrega um grande estigma e é usada como sinônimo de loucura. Esse preconceito dificulta muito o trabalho com o paciente e seus familiares. Além disso, persiste o mito de que o inevitável fim de todo paciente com esquizofrenia é a internação num manicômio. Porém, o grande desafio está em integrar esse paciente à sociedade. Nesse sentido, há vários tipos de tratamentos que facilitam essa integração. Em casos mais complexos, de difícil diagnóstico, costuma-se adotar a cautela e aguardar a evolução dos sintomas antes de confirmar a existência da doença. A partir do diagnóstico, é aconselhável passar informações corretas sobre a doença. Deve-se revelar o nome da doença e oferecer ao paciente e à família os dados necessários para uma visão clara e honesta da situação, para que sejam parceiros no tratamento, no convívio e na recuperação do portador.
Posso dar "mesada" ao portador de esquizofrenia?
Assim como qualquer outra pessoa, os portadores de esquizofrenia precisam aprender a lidar com seu dinheiro, sabendo administrá-lo corretamente. Se o paciente trabalha e recebe um salário, precisa aprender a economizar parte dele. Se ele não trabalha, é importante estabelecer um valor para a mesada e deixar claro que aquela quantia deve durar certo tempo, até o recebimento da próxima, e que não será fornecido mais dinheiro se este for gasto antes do prazo.
Assim como qualquer outra pessoa, os portadores de esquizofrenia precisam aprender a lidar com seu dinheiro, sabendo administrá-lo corretamente. Se o paciente trabalha e recebe um salário, precisa aprender a economizar parte dele. Se ele não trabalha, é importante estabelecer um valor para a mesada e deixar claro que aquela quantia deve durar certo tempo, até o recebimento da próxima, e que não será fornecido mais dinheiro se este for gasto antes do prazo.
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