A esquizofrenia é uma doença mental potencialmente debilitante que afeta cerca de um em cada cem indivíduos, segundo as estatísticas. A palavra “esquizofrenia” é na verdade um termo genérico para uma complexa gama de diferentes doenças neurológicas com uma série de sintomas, o que às vezes dificulta sua detecção nas primeiras fases da doença. Um novo estudo, publicado no American Journal of Psychiatry, revelou que um tipo de célula do sistema imunológico fica mais ativa nos cérebros de pessoas que têm risco de sofrer com a esquizofrenia. Isso poderia ajudar os médicos na detecção precoce da doença.
Neste estudo conduzido pelo Centro de Ciências Clínicas do Medical Research Council (MRC), no Imperial College de Londres, foram utilizados exames de imagem do cérebro para rastrear um tipo de célula chamada microglia, que responde a danos e infecção ao facilitar o processo de inflamação. Estas células também iniciam e podem controlar um processo neurológico chamado de “poda sináptica”, em que as ligações entre as células cerebrais são rearranjadas para melhorar as ligações eletroquímicas totais dentro do cérebro. Pense nisso como a poda de uma planta da casa: algumas conexões são removidas a fim de que outras possam se fortalecer.
A microglia já foi previamente ligada à doença de Alzheimer, depressão e esquizofrenia, com uma teoria que sugere que erros na forma como a poda sináptica é realizada acarreta em ligações desordenadas e fracas e, por conseguinte, estes tipos de distúrbios neurológicos.
O diagnóstico da esquizofrenia é difícil, tanto que existem duas categorias de sintomas. Alguns são “positivos” – os sintomas como alucinações e delírios que são encontrados somente com aqueles que sofrem de transtorno. Outros são “negativos” – sintomas que representam mudanças mais sutis no comportamento de uma pessoa, tais como a falta de capacidade de resposta emocional. Os sintomas negativos aparecem frequentemente muitos anos antes do aparecimento de quaisquer sintomas positivos, mas, em muitos casos, os sintomas negativos são indicativos de uma outra desordem mental.
Os pesquisadores utilizaram uma amostra de 56 pessoas que foram examinadas com tomografia por emissão de pósitrons (PET). Destes, 14 foram considerados como tendo um alto risco de ansiedade, apresentando uma gama de sintomas negativos e alguns sintomas positivos, tais como pensamentos delirantes. Outros 14 tinham sido diagnosticados com esquizofrenia, os quais foram mostrando fortes sintomas positivos. O resto eram indivíduos neurologicamente saudáveis e atuaram como o grupo de controle do estudo.
Os pesquisadores descobriram que quanto mais ativa era a microglia, mais graves eram os sintomas da esquizofrenia. Dr. Oliver Howes, chefe do grupo de imagem psiquiátrico no Clinical Sciences Centre do MRC, relata que “este é um estudo promissor, já que sugere que a inflamação pode levar à esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. Vamos agora testar se os tratamentos anti-inflamatórios podem ter como alvo essas células.”
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