Um surto psicótico é caracterizado pela perda da noção de realidade e
por uma desorganização do pensamento. Trata-se de um quadro
preocupante, pois não sabemos qual será a evolução. Pode ser um surto
psicótico breve (298.8 do DSM 4) indo até a esquizofrenia, um quadro
mais grave. Pode também fazer parte de uma Depressão Psicótica.
Muitas vezes a pessoa não tem sentimento de doença ou seja não percebe
que está fora da sua normalidade e por isso recusa tratamentos: "Para
que médico e remédio se eu não tenho nada?" Sintomas como desorientação
temporal, confusão mental, idéias de perseguição (delírios), escuta de
vozes (alucinações), alterações comportamentais como descuido da
higiene, agressividade e sintomas clínicos como insônia, perda de
apetite com perda de peso fazem parte deste quadro.
Um sintoma
muito importante seria a desconfiança; o paciente sente que os outros
estão olhando para ele, falando dele, rindo dele ou planejanto algum mal
contra ele. Paciente enxerga "ligações" entre as aparentes
coincidências ou encontros que são interpretados como ameaças ou
perseguição.
Em alguns casos a internação se faz necessária, como
quando a agressividade é intensa, a recusa ao tratamento ou o risco de
suicídio. O internamento pode durar alguns dias, o tempo necessário para
o paciente sair da crise e aderir ao tratamento. Muitas vezes tentamos
evitá-la pois o tratamento funciona quando feito em casa, desde que haja
adesão no que diz respeito ao uso dos medicamentos, com algum familiar
se dispondo a administrar o medicamento, a despeito da recusa do
paciente.
Uma experiência freqüente é a consulta com familiares,
que poderão ficar mais à vontade para descrever os sintomas, sem a
presença do paciente, e a medicação ser administrada escondida em
alimentos, sólidos ou líquidos ou até mesmo uma reunião familiar para
insistir para que ele use os medicamentos que podem ser dados à noite.
Isso funciona quando o paciente não é muito teimoso. Outras vezes o
paciente aceita ir ao consultório, quando o médico pode minimizar o
problema, dando o tratamento adequado e explicando que serve para
insônia ou para o estresse, já que não é possível conscientizar o
paciente sobre o seu transtorno nesta fase aguda.
A abordagem de
aconselhamento com o paciente na crise, quanto ao problema mental não
funciona. O tratamento medicamentoso é fundamental. Quando passar a
crise ele reconhecerá que não esteve bem. Geralmente conscientização na
fase aguda não é possível.
Do ponto de vista espiritual, há uma
tendências de os religiosos argumentarem que se trata de algum
transtorno espiritual, algo que excluiria a dimensão biológica e
psíquica. O mesmo ocorre com os profissionais que não consideram os
fatores espirituais. Na nossa opinião, a abordagem mais eficiente e
consiste em uma integração das áreas médica, psicológica e apoio
espiritual, respeitando a tradição religiosa do paciente. Estes
tratamento podem ser feitos paralelamente sem nenhum prejuízo, pelo
contrário.
É durante um surto psicótico que ocorre uma perda de
realidade, onde não há diferenciação entre o mundo real e o imaginário
da pessoa. "Quando a pessoa está em uma crise psicótica, ela confunde os
pensamentos internos dela com o mundo real. Ela não consegue distinguir
o que são os pensamentos dela e o que realmente está acontecendo no
mundo", comenta o psiquiatra da Unifesp, Marcelo Fernandes.
Em
alguns casos há ainda uma ruptura muito intensa no contato com amigos e
com a própria pessoa. "O indivíduo começa a não se reconhecer e a não
reconhecer o outro. Ele não entende a situação que está vivendo no
momento, mesmo que esta seja muito intensa para ele", comenta o
psiquiatra da Unicamp Mário Eduardo Costa Pereira.
Segundo
Fernandes, os dois principais sintomas do surto psicótico são os
delírios e alucinações. "Quando está em surto, o indivíduo não deixa de
estar consciente, mas ele vê a realidade de uma maneira distorcida",
explica.
Um caso freqüente entre indivíduos em surto é sensação
constante de estarem sendo perseguidos. "Ele pode achar, por exemplo,
que está sendo ameaçado ou mesmo perseguido. É uma sensação muito real e
intensa. Nesses casos, o indivíduo pode cometer atos de violência
contra pessoas próximas", relata Eli Cheniaux Junior, psiquiatra da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
A duração de uma crise
psicótica varia de acordo com suas causas, e seu tratamento pode variar
de acompanhamento médico ao uso de remédios. "Sob um estresse muito
grande, a pessoa pode ter um surto psicótico que dure apenas horas. Esse
tipo de crise, se tratada, pode não voltar a acontecer", comenta
Fernandes.
No entanto, o psiquiatra Cheniaux afirma que, em sua
maioria, os surtos duram, no mínimo, algumas semanas. "Casos de surtos
breves e causados por um estresse muito elevado são muito raros",
comenta. Ele lembra ainda que algumas vezes a crise pode estar
relacionada a doenças genéticas, quadros de depressão ou de origem
orgânica.
"É importante salientar que casos de crise psicótica
causadas por um trauma muito brutal ocorrem geralmente em pessoas de
personalidade sensível, que sempre foram tímidas e quietas, por
exemplo", finaliza Pereira.
Pode ser causado por doenças como a esquizofrenia, por um trauma muito grande ou pelo uso de drogas, a exemplo da cocaína.
Caracteriza-se pelo aparecimento repentino de sintomas como alterações
de comportamento, alucinações ou delírios. A pessoa em surto psicótico
pode tornar-se agressiva, agitada, isolada ou com comportamento estranho
e pode colocar a vida dela e de outros em risco.
O surto pode ser
desencadeado por causas psiquiátricas (esquizofrenia, transtorno
bipolar, uso e abstinência de substâncias etc.) ou condições médicas
(infecções, condições pós-operatórias, intoxicação por medicamentos
etc.). Um surto psicótico é uma emergência médica e exige tratamento
especializado.
Como agir:
- Não confronte a pessoa em surto, mantenha uma postura neutra e compreensiva até que a ajuda especializada chegue
- Proteja o ambiente, afastando objetos que podem ser usados para agressão (como facas, armas e utensílios perigosos)
- Vigie a pessoa se houver risco de fuga ou autoagressão
- Se o surto é resultado do não uso de uma medicação habitual, administre-a imediatamente
- Se a pessoa em surto estiver sob tratamento, entre em contato com o profissional que a atende para orientações específicas
- Se houver risco de agressividade, suicídio ou homicídio iminente
deve-se entrar em contato com a polícia para garantir a integridade da
pessoa afetada e daqueles que estão com ela no momento do surto
-
Caso os acompanhantes consigam manejar o indivíduo, ele deve ser
encaminhado para um serviço médico de emergência, preferencialmente com
atendimento psiquiátrico
- Em casos graves, internação psiquiátrica é
necessária para investigação e intervenções apropriadas. Casos mais
leves podem ser atendidos em ambulatórios e não necessitam internação
Psicose é o nome usado para um problema médico que afeta o cérebro de
maneira que a pessoa perde o contato com a realidade. Quando a pessoa
tem este problema de repente, dizemos que ela tem um episódio ou surto
psicótico. Uma pessoa pode também ficar com a doença pelo resto da vida,
o que chamamos de psicose crônica.
Psicoses ocorrem com mais
freqüência no final da adolescência e início da vida adulta, algo entre
os 17 e 28 anos de idade, mais ou menos. De cada 100 pessoas da
população, 3 terão um episódio psicótico na vida. Ela atinge qualquer
pessoa, de qualquer raça ou classe social.
Os sintomas principais são:
1) Pensamentos desorganizados – não se entende bem o que a pessoa
psicótica está dizendo, não faz sentido o que ela diz. Pode haver
dificuldade de concentração. Os pensamentos podem estar acelerados ou
muito lentos.
2) Alucinações – so alterações da percepção. O
psicótico vê coisas, ouve vozes ou sons, sente sabores que não existem
na realidade. Pode ouvir vozes de perseguição, ver um animal querendo
atacá-lo que não existe naquele ambiente.
3) Delírios ou crenças
falsas – delírio é uma alteração do conteúdo do pensamento. Há delírios
de grandeza (“Eu sou o presidente do país.”), de ciúme (“Todos me
traem.”), de perseguição (“Você [dizendo para o médico] está aqui para
me matar!”), místicos (“Eu sou Jesus Cristo.”), etc. A pessoa crê ser
isto real. E nada a convence de que não é.
4) Mudança de sentimentos
– ocorrem sem razão aparente. Sensação de isolamento do mundo,
estranheza, como se tudo se movesse em câmara lenta, e ora muito alegre,
ora deprimido demais, ou sem nenhuma emoção, como se fosse uma máquina.
5) Mudança de comportamento – a pessoa pode estar acelerada e agitado,
andando de lá para cá o tempo todo, ou extremamente parada (catatonia),
passando horas e dias sentada sem fazer nada com olhar perdido. Pode
ficar rindo sem motivo (hebefrenia). A mudança do comportamento depende
de outras alterações, por exemplo, se a pessoa tem alucinação auditiva
de que uma voz está lhe dizendo para fugir, ela ficará muito inquieta e
irá querer sair correndo. Ou pode estar muito assustada e não conseguir
dormir. Outros param de comer porque há no delírio a idéia de que
colocaram veneno na comida.
Num primeiro episódio psicótico a pessoa
começa com alterações pouco perceptíveis, e ela pode descrever mudanças
que percebe, como por ex., dizer que não consegue sentir sentimentos
como antes, que alguns pensamentos perturbam, têm insônia, sente-se meio
aérea como estando saindo da realidade. Em seguida a isto ocorre a
crise aguda na qual surgem os sintomas psicóticos citados acima. Depois
podem recuperar com tratamento. Muitos tem só uma crise na vida, outros
têm recaídas e outros ainda nunca recuperam.
Alguns tipos de psicose são:
1) Psicose induzida por drogas – como álcool, maconha, cocaína, etc.
Alguns dos usuários de drogas podem já ter tido comportamento um tanto
psicótico e a droga piora seu estado mental, enquanto que outros
desencadeiam o surto com o uso da droga.
2) Psicose orgânica –
causada por lesão cerebral ou enfermidade física que altere o
funcionamento do cérebro, como a encefalite, a AIDS, tumor cerebral,
reação química a certos remédios em pessoas predisponentes talvez
(pós-cirúrgico).
3) Psicose reativa breve – sintomas aparecem de
forma súbita em resposta a um evento muito estressante para uma pessoa
muito sensível. A pessoa recupera em poucos dias.
4) Esquizofrenia –
quando há mudanças psicóticas por pelo menos seis meses. Atinge uma em
cada 100 pessoas. Há diferentes tipos como a paranóide, hebefrênica,
catatônica, simples.
5) Transtorno Bipolar – era chamada de psicose
maníaco-depressiva. Há alteração do estado de humor caracterizado pela
alternância de momentos de exagerada euforia (mania) com depressão. Na
fase da euforia a pessoa se acha um deus onipotente e faz coisas fora da
realidade, como comprar coisas sem ter como pagar, planejar viagens
fantásticas, etc. Na fase depressiva pode escutar vozes que lhe dizem
para matar-se.
6) Transtorno esquizoafetivo – a pessoa tem
alterações como no bipolar e no esquizofrênico mas não se enquadra em
nenhum dos dois diagnósticos.
O tratamento da psicose inclui:
Medicamentos prescritos por médico psiquiatra;
Orientação familiar;
Hospitalização se necessário;
Hospital-dia, CAPS nas cidades, Terapia Ocupacional;
Grupos de ajuda para familiares com psicose;
ajuda muito uma dieta vegetariana;
Também ajuda muita atividade física ao ar livre (caminhadas assistidas);
Hidroterapia (banhos de contraste quente-frio, etc.).
Generalidades
A psicose é um estado anormal de funcionamento psíquico. Mesmo não
sabendo exatamente como são as patologias psiquiátricas, podemos
imaginar algo semelhante ao compará-las com determinadas experiências
pessoais. A tristeza e a alegria assemelham-se à depressão e a mania, a
dificuldade de recordar ou de aprender estão relacionada à demência e ao
retardo, o medo e a ansiedade perante situações corriqueiras têm
relações com os transtornos fóbicos e de ansiedade. Da mesma forma
outros transtornos psiquiátricos podem ser imaginados a partir de
experiências pessoais. No caso da psicose não há comparações, nem mesmo
um sonho por mais irreal que seja, não é semelhante à psicose.
A essência da psicose
Quando alguém nos conta uma história realista dependendo da confiança
que temos nessa pessoa acreditaremos na história. Na medida em que
constatamos indícios de que a história é falsa começamos a pensar que
nosso amigo se enganou ou que no fundo não era tão confiável assim.
Nesse evento o que se passou? Primeiro, um fato é admitido como
verdadeiro, depois novos conhecimentos ligados ao primeiro são
adquiridos, por fim a confrontação dos fatos permite a verificação de
uma discordância. Do raciocínio lógico surgiu um questionamento. Essa
forma de proceder provavelmente é exercida diariamente por todos nós. A
forma de conduzir idéias confrontando-as com os fatos é uma maneira de
estabelecer o contato com a realidade. O que aconteceria se essa função
mental não pudesse mais ser executada? Estaríamos diante de um estado
psicótico!
Pois bem, o aspecto central da psicose é a perda do
contato com a realidade, dependendo da intensidade da psicose. Num dado
momento a perda será de maior ou menor intensidade. Os psicóticos quando
não estão em crise, zelam pelo seu bem estar, alimentam-se, evitam
machucar-se, têm interesse sexual, estabelecem contato com pessoas
reais. Isto tudo é indício da existência de um relacionamento com o
mundo real. A psicose propriamente dita começa a partir do ponto em que o
paciente relaciona-se com objetos e coisas que não existem no nosso
mundo. Modifica seus planos, suas idéias, suas convicções, seu
comportamento por causa de idéias absurdas, incompreensíveis, ao mesmo
tempo em que a realidade clara e patente significa pouco ou nada para o
paciente. Um psicótico pode sem motivo aparente cismar que o vizinho de
baixo está fazendo macumba para ele morrer, mesmo sabendo que no
apartamento de baixo não mora ninguém. A cisma nesse caso pertence ao
mundo psicótico e a informação aceita de que ninguém mora lá é o contato
com o mundo real. No nosso ponto de vista são dados conflitantes, para
um psicótico não são, talvez ele não saiba explicar como um vizinho que
não está lá pode fazer macumba para ele, mas a explicação de como isso
acontece é irrelevante, o fato é que o vizinho está fazendo macumba e
pronto. O psicótico vive num mundo onde a realidade é outra, inatingível
por nós ou mesmo por outros psicóticos, mas vive simultaneamente neste
mundo real.
Delírio, o principal sintoma
O delírio é toda
convicção inabalável, incompreensível e absurda que um psicótico tem. O
delírio pode ser proveniente de uma recordação para a qual o paciente dá
uma nova interpretação, pode vir de um gesto simples realizado por
qualquer pessoa como coçar a cabeça pode vir de uma idéia criada pelo
próprio paciente, pode ser uma fantasia como acreditar que seres
espirituais estejam enviando mensagens do além através da televisão, ou
mais realistas como achar que seu sócio está roubando seu dinheiro. O
delírio proveniente de eventos simples como coçar a cabeça são as
percepções delirantes. Ver uma pessoa coçar a cabeça não pode significar
nada, mas para um paciente delirante pode, como um sinal de que a
pessoa que coçou a cabeça julga-o (paciente) homossexual. Quando a idéia
é muito absurda é fácil ver que se trata de um delírio, mas quando é
plausível é necessário examinar a forma como o paciente pratica a idéia
que defende. O exemplo do vizinho acima citado também é um delírio. A
constatação de um delírio não é tarefa para leigos, nem mesmo os
clínicos gerais estão habilitados para isso; somente os psiquiatras e
profissionais da área de saúde mental.
Surto Psicótico é um
episódio de dissociação da estrutura psíquica do indivíduo, fazendo com
que este mostre comportamentos socialmente estranhos e diferentes,
devido à momentânea incapacidade de pensar racionalmente.
Começar o
tratamento nos primeiros surtos evita sérias complicações e agravamento
da psicose. Quanto mais cedo começarem o tratamento melhor o prognóstico
do paciente.
Os surtos são comuns na esquizofrenia e podem
ocorrer na fase maníaca aguda do transtorno bipolar. Também podem
ocorrer devido a substâncias psicoativas, como álcool, maconha,[3]
anfetamina, cocaína, etc.
Características
Durante o surto podem ocorrer manifestações de paranóia, alucinações e delírios.
O surto geralmente dura algumas semanas e pode ser encurtado de acordo
com a medicação administrada. A medicação também pode impedir um surto
ou torná-lo menos grave se ocorrer. Normalmente o surto é precedido por
comportamentos estranhos do indivíduo, que só podem ser detectados
poucos dias antes que este entre em crise. Sendo assim, é muito
importante acompanhar pacientes nesta situação a fim de medicá-los antes
do início do surto.
Segundo o DSM IV, um dos sintomas para se diagnosticar esquizofrenia é a duração do surto de, no mínimo, seis meses.
Não pode ser transmitida para outras pessoas, é uma desorganização
mental grave e não tem poder para induzir outras mentes a fazer o mesmo.
Surtos psicóticos também podem ocorrer em individuos portadores de
diabétes tipo 1, pela incidência de baixas taxas de açúcar.
Quando
os surtos psicóticos começam antes dos 20 anos o prognóstico é pior. A
idade de início da esquizofrenia no homem (15 a 25 anos) é menor que na
mulher (25 a 35 anos). Isso ocorre pelas diferenças entre fontes de
estresse e hormônios entre homens e mulheres.
Início da esquizofrenia
Sintomas comuns de início de esquizofrenia incluem:
Regressão;
Confusão mental;
Transtornos de ansiedade que progridem para estado de pânico;
Delirium;
Delírio;
Excitação motora;
Insônia e;
Catatonia.
O surto psicótico é um importante preditor de esquizofrenia. É
importante que nos primeiros surtos psicóticos haja uma intervenção na
família, pois os surtos são altamente desestruturantes da estrutura
familiar e a participação da família é essencial no tratamento das
psicoses.[5]
Fontes:
Postado por Fábio Pires